Homenageados

Inspiradores

Na edição em que comemora os 10 anos, o Festival Visões Periféricas homenageia quatro realizadores que através de seus trabalhos em cinema e vídeo contribuíram para pensar de forma crítica e corajosa o país e a sociedade brasileira: Silvio Tendler, Adélia Sampaio, Filó Filho e Sérgio Péo. Cada um em sua área de atuação e com seu estilo produziu obras que se inscrevem como marcos na história do audiovisual brasileiro.

Silvio Tendler é um dos maiores documentaristas brasileiros vivos. Em 48 anos de cinema já produziu e dirigiu mais de 70 filmes entre curtas, médias e longas-metragens em formato documental, além de 12 séries. Autor de filmes como “Os anos JK”, “Encontro com Milton Santos” e “Jango”, este último um dos filmes que será exibido, o gênero não ficcional ganhou com Tendler uma relação de proximidade com a História, usada como instrumento para pensar o presente.

Filó Filho (Dom Filó – nome de guerra) desde a década de 1960 atua no cenário cultural carioca na celebração da força da cultura negra no Brasil. Engenheiro de formação, mas produtor da noite, ainda em 1972, Filó passou a integrar a direção do Clube Renascença, lugar símbolo do soul na época. A relação de Filó com música é patente em toda a sua biografia. No meio dos anos 1980, Filó dá uma guinada na sua carreira e passa a atuar na área de comunicação. Em 1988 cria a produtora Cor da Pele, responsável por muitos dos registros da história negra brasileira, que hoje integram o acervo do Cultne.

Adélia Sampaio é a primeira mulher negra a dirigir um longa-metragem no Brasil. Atuou em várias áreas da produção audiovisual nos anos 1980. Seu longa “Amor Maldito” é também considerado o primeiro longa com temática lésbica no país. Produtora, realizadora, continuísta, maquiadora, etc., Adélia transitou por diversos espaços do cinema brasileiro, no entanto, é até hoje pouco retratada e reconhecida pela historiografia clássica do nosso cinema.

Sérgio Péo iniciou sua carreira na década de 1970, fazendo uma série de filmes em Super-8 e 16 mm. Conjugando as visões de urbanista e cineasta, o realizador sempre usou o cinema como ferramenta para questionar a urbanidade e as condições habitacionais da população. Em Rocinha Brasil 77, filme premiado e exibido aqui no festival, a movimentação da câmera no filme assimila o traçado labiríntico e sinuoso da favela ao mesmo tempo que compõe um mosaico caótico de depoimentos e sons, uma forma incomum de retratar esse espaço à época.

Emílio Domingos e Marcio Blanco
Curadores