Curadoria

Há que se pontuar logo de partida o óbvio em nossas vidas: entramos para o terceiro ano de pandemia e o segundo de mais uma edição online do festival que, aliás, celebra o debute dos 15 anos do Visões Periféricas. É muito evidente para nós que não só a programação irá ecoar, mais uma vez, as implicações desse momento. Isso já sabemos de cor e salteado. Dentro do esperado e do imaginado, no entanto, vale dizer que percebemos, entre uma edição e outra, como os corpos, quer dizer, como a corporeidade no mundo do lado de fora ou do lado de dentro se manifestou de forma expressiva nos filmes. Os toques, os gestos, o pertencimento ancestral e cotidiano, o peso do corpo isolado, o corpo que labuta, o corpo profano e sagrado, a ocupação e disputa dos espaços por esses corpos, o questionamento das memórias de certos corpos, dos arquivos dessas presenças que não estão mais entre os vivos, enfim. Estamos cansados de ficar em casa, apesar de ainda ser necessária muita cautela e paciência em dobro para aguentar a chegada de uma transição saudável para a crise que vivemos. O cinema age como esse nosso corpo no mundo, projetando nossos desejos na tela para variar. Em 2022, a curadoria do Visões ensaia esse tatear para a saída no fim do túnel.

Nesta edição a diversidade mais uma vez está em foco, dos 28 filmes selecionados que estão divididos em 6 sessões: Brisa urbana, Labuta, Fabulação no real, Dos Abraços, Sagrado e Profano e Corporeidade, 9 têm direção feminina, a diversidade também se encontra na territorialidade das obras que serão exibidas, filmes de todas as regiões do Brasil. A mostra Fronteiras Imaginárias apresenta cantos do país que dificilmente é visto nos cinemas e nos grandes festivais, mais uma vez o Visões Periféricas cumpre o seu papel de expor o melhor dos invisibilizados, e lança luz às novas tendências e diretoras (es) que ainda ousam fazer filmes num país que a cultura não é valorizada. Impossível destacar algum dentre tantos filmes que trazem reflexões sobre nós e o mundo num planeta pandêmico, a fé e a religião se tornou uma temática abundante nos filmes e não por acaso, pois precisamos acreditar em algo melhor, o Visões Periféricas faz seu debut com mensagens de esperança, empatia e arte acima de tudo.

Kamila Medeiros

Mostras Fronteiras Imaginárias, Cinema da Gema e Panorâmica

Kamilla Medeiros é cineclubista, curadora, realizadora audiovisual e mestranda no Programa de Pós-Graduação da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Rosa Miranda

Mostras Fronteiras Imaginárias, Cinema da Gema e Panorâmica

A primeira mulher negra formada em licenciatura em Cinema e Audiovisual do mundo. Mestra do Programa de Pós-Graduação de Cinema e Vídeo da Universidade Federal Fluminense. 

Como cineasta roteirizou, dirigiu e produziu mais de 18 produções cinematográficas, além de produzir diversos eventos culturais ligados a promoção da sétima arte negra como: palestras, debates, mesas, cursos de formação, oficinas de cinema negro em diversos estados do Brasil e em Portugal. Como arte-educadora atua desde 2012 tendo ampla experiência com o público em geral. Premiada com  curta-metragem "Lua" com melhor documentário 2018 no Festival EngeCine UFF.

Atualmente faz curadoria em cineclubes, mostras e eventos de cinema; foi curadora de eventos como: 48º Festival de Gramado, Festival do Rio 2021, 15º Visões Periféricas e júri de outros eventos como: III Griot - Mostra de Cinema Negro de Curitiba e IV Mostra Competitiva de Cinema Negro Feminino Adélia Sampaio.

Marco Antônio

Mostra Visorama

Marco Antônio Bonatelli é graduando em audiovisual pela UFMS. Desenvolve pesquisas acerca do horror enquanto gênero dentro do Laboratório de Estudos do Horror e da Violência na Cultura (LEHViC). Em 2019, ingressou na organização do Festival Universitário Desver e, em 2021, foi nomeado Presidente das Comunicações do mesmo. Também é apresentador do Jogando Cinema Fora, podcast que cocriou no início de 2020.

Lukas Nascimento

Mostra Visorama

Nascido em Sergipe, morando a 14 anos em Campo Grande, MS. Em algum momento da vida começou a assistir filmes, sendo repentinamente chamado de cinéfilo, e agora, cursa Cinema e Audiovisual pela UFMS.

Régis Rasia

Visões Lab

Doutor em Multimeios pela UNICAMP. Professor do Bacharelado em Audiovisual da UFMS.